Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O Conflito em Contexto Escolar

 

Introdução 

A Escola constitui-se um espaço de socialização por excelência. Tida como elo de ligação com a família, assume-se como um mecanismo de ressonância das dificuldades, dos conflitos e das potencialidades que o adolescente experimenta.  Num mundo cada vez mais global, onde a sociedade de informação é uma realidade, importa olhar a escola e as relações que nelas se desenvolvem sob um novo prisma. O conflito, nomeadamente o conflito em contexto escolar, é uma realidade incontornável e intrínseca do nosso quotidiano, que assume uma inegável pertinência e actualidade no contexto educativo português. 


O conceito 


Podem-se encontrar diferentes definições de conflito, as que apresentamos seguidamente estão contidas na obra de Costa E. e Matos P. (2007:75)  O conflito resulta de uma percepção divergente de interesses visões ou objectivos (Deutsch, 1973); De preferências opostas (Carneval ε Pruitt, 1992); Da crença de que os objectivos actuais das partes envolvidas não podem ser atingidos em simultâneo (Rubin, Pruitt ε Kim, 1994); É um processo que começa quando um dos elementos percepciona que o outro frustrou ou está prestes a frustrar o seu objectivo, preocupação, ideia (Sanson ε Bretetherton, 2001). Os mesmos autores salientam que Deutsch sugere que o conflito seja perspectivado não como uma conotação negativa mas como algo neutro. Dependendo da forma como o conflito é gerido os resultados deste é que podem ser positivos ou negativos. 


Os autores referem como efeitos negativos a desconfiança, a obstrução da cooperação, a perturbação das relações o escalar de diferenças de posição, podendo mesmo conduzir ao confronto violento. Entre os efeitos positivos pode-se salientar, de acordo com o que é referido pelos autores, o incentivar a discussão sobre diferentes assuntos, promover formas construtivas de clarificação de divergências, bem como da sua resolução, encorajar uma comunicação mais aberta e espontânea, levando ao crescimento nas diferentes partes envolvidas na relação. É defendido que o conflito existe e é necessário para que existam mudanças, nesse sentido o objectivo da Escola  De acordo com Johnson e Johnson (1995) citado por Costa e Matos (2007:75) na escola os conflitos podem ser classificados como: 


Controvérsia – quando ideias, informações, teorias e opiniões de um sujeito são incompatíveis com as de outro, procurando ambos um acordo. Abordada de forma construtiva a controvérsia pode ser facilitadora da aprendizagem, bem como da capacidade de tomar decisões e da qualidade dessas decisões. 


Conflito conceptualquando existem, simultaneamente, ideias incompatíveis em que a informação recebida não parece ser compatível com o conhecimento pré-existente, em que o individuo percebe a existência de controvérsia com as suas posições anteriores;  


Conflito de interessesquando as acções de uma pessoa, maximizando os seus objectivos, interferem ou bloqueiam as acções de outro que também pretende atingir o seu fim; 


Conflito desenvolvimentalquando forças opostas de estabilidade e mudança co-ocorrem em actividades incompatíveis entre adultos e criança. 


É consensual para os autores que o conflito existe e é necessário para que se processem mudanças, nesse sentido o objectivo da Escola não é evitar o conflito, mas sim abordar as situações de conflito minimizando os impactos negativos e maximizando o seu potencial positivo. 


Proposta de intervenção 


O conflito, tal como é abordado pelos autores, quando abordado de forma construtiva é criador ou construtivo, possibilitando a diferenciação e a integração para níveis mais complexos de convivência social, de relacionamento com os outros e consigo próprios. Construindo-se ao longo da vida num sistema de relações significativas, uma vez que desde a infância a criança recebe informações de diferentes contextos de socialização, sendo que a sua organização ao nível cognitivo e emocional depende dos significados que cada um lhe atribui. Desta forma das estratégias de intervenção e de resolução de conflitos apresentadas selecciono a proposta de Coleman e Deutsch (2001) a abordagem sistémica por considerar a necessidade de intervir a diferentes níveis no contexto escolar. 


Esta abordagem traduz o reconhecimento da circularidade de influências nestes processos (Costa e Matos, 2007: 90). Sublinhando a visão da Escola como um sistema aberto, Raider (cit. Por Costa e Matos, 2007) estabelece cinco níveis de abordagem: a disciplina, o curriculum, a pedagogia, a cultura escolar e a comunidade. Para produzir mudanças significativas não é suficiente intervir apenas numa determinada área, mas sim desenvolver experiências continuadas de resolução construtiva de conflitos aos diferentes níveis, no seio das diferentes áreas disciplinares, criando um ambiente escolar que favoreça essas experiências, construindo uma escola que sirva de modelo aos seus alunos. 


Raider defende que essa experiência alargada permitirá o desenvolvimento nos alunos de atitudes e competências generalizáveis, que sejam suficientemente fortes, para que estes possam resistir às influências contraditórias que possam ocorrer nos contextos extra-escolares. E ainda, que em adultos estejam preparados para cooperar com os outros na resolução construtiva de conflitos 


O programa de actuação apresentado por Coleman e Deutch engloba diferentes níveis de análise da instituição escolar e tem como objectivo a promoção de valores, atitudes, conhecimentos e competências. Para o primeiro nível, o sistema disciplina, a intervenção proposta consiste nos programas de mediação de pares, com formação e supervisão de acompanhamento no sentido de preparar os alunos e professores seleccionados para servirem como mediadores. Os conflitos na escola podem ocorrer entre alunos, entre estes e os professores, entre os professores e os gestores e entre pais e professores. Esta formação centra-se nos princípios de resolução construtiva de conflitos, no modo de funcionamento como mediadores e nas regras a adoptar durante os programas de mediação. Os efeitos positivos deste programa traduzem-se para os alunos ao nível da autoconfiança, auto-estima, assertividade e atitudes gerais face à escola. Ao nível da escola as evidências são a diminuição do número de processos e medidas correctivas e consequentemente a rentabilização do tempo dispendido pelos professores e órgãos de gestão a tratar situações de conflito, bem como a percepção da escola como um ambiente de aprendizagem produtivo e um clima global positivo. 


A intervenção ao segundo nível, o do curriculum centra-se na criação de programas de formação dirigidos aos alunos que incidem na resolução de conflitos, implicando a incorporação de temas no currículo escolar, como compreender o conflito, comunicar, lidar com a fúria, cooperação, assertividade consciência de diferenças, diversidade cultural, resolução de conflitos e pacificação (Costa e Matos, 2007: 92). O terceiro nível, o da pedagogia, assenta na defesa do uso de estratégias de ensino, como a aprendizagem cooperativa e a controvérsia nas disciplinas regulares, dando a possibilidade aos alunos de praticarem competências de resolução de conflitos adquiridas em unidades ou formação isolada. A aprendizagem cooperativa é constituída por cinco elementos chave de acordo com Johnson, Johnson e Holubec: interdependência positiva, interacção face-a-face, responsabilidade individual, competências interpessoais e de pequeno grupo, e processamento ou análise do funcionamento dos grupos de aprendizagem. (Costa e Matos, 2007:94). De acordo com Nascimento (2003) A importância da controvérsia curricular parece ser evidente na medida em que, perante uma diversidade de opiniões, ideias, crenças, e significados, requer que os alunos se envolvam num debate e façam uma síntese consensual das ideias apresentadas. (Costa e Matos, 2007:94). O quarto nível, da cultura escolar incide sobre a formação dos próprios adultos das escolas, quer ao nível individual com o desenvolvimento de competências de negociação colaborativa, quer através da reestruturação do sistema de gestão de conflitos entre adultos. Este envolvimento dos adultos pode contribuir para generalizar à instituição as mudanças produzidas, através da modelagem junto dos alunos e ainda a promoção de novas normas e expectativas relativas à gestão do conflito em toda a comunidade escolar. Por fim, ao quinto nível, a comunidade alargada este programa realça a necessidade de formação de processos colaborativos e de resolução construtiva de conflitos, ultrapassando os limites físicos da escola, envolvendo pais, outros prestadores de cuidados como a policia local, membros de organizações comunitárias entre outros. 


Situação concreta 


A situação de conflito seleccionada tem como base uma turma do 5.º ano constituída por alunos oriundos de diferentes escolas, de diferentes etnias e oriundos de famílias desestruturadas.  Efectivamente parece existir uma relação positiva entre o conflito estrutural e problemas ao nível do desenvolvimento social e emocional da criança. Esta turma caracteriza-se portanto por uma grande heterogeneidade que poderia ser enriquecedora, mas que se tem revelado perturbadora, tanto ao nível do funcionamento da própria turma, como em situações que estes alunos geram e que envolvem a própria escola e alunos de outras turmas. 


Tal como associado ao conflito estrutural, estão também associados a este caso as dificuldades de aprendizagem, os alunos com insucesso escolar são frequentemente os apontados como promotores de maior conflito na escola. 


As estratégias desenvolvidas pela escola foram no sentido de intervir junto da turma com recurso às estruturas como o Director de Turma e outros professores, não tendo resultado. Decidiu-se assim investir ao nível da disciplina desenvolvendo acções de mediação de pares, com apoio de outras estruturas extra-escolar, para depois aplicar na escola a formação adquirida. Envolvendo os próprios alunos, estamos por um lado a possibilitar que eles, que experimentam as situações de conflito, tenham possibilidade de explorarem, discutirem, as ideias e os conceitos, as vivências e as emoções experimentadas, proporcionando a escuta activa, o parafrasear, o reformular e o desempenho de papéis.  A eficácia destas medidas incide no desenvolvimento por parte dos alunos de competências mais construtivas para a resolução de conflitos. Proporciona a compreensão do porque da rivalidade entre os grupos, as causas da dificuldade que alguns alunos têm em relacionar-se, as razões pelas quais alguns estudantes são ameaçados ou discriminados, com uma agressividade gratuita. Paralelamente foram desenvolvidas acções ao nível do curriculum no âmbito das disciplinas de formação cívica e de projectos desenvolvidos na escola. Através da criação de situações problema para provocar discussão entre os alunos de modo a identificar as causas e as formas de resolução positiva destes problemas. Apresentando filmes, histórias de violência, relatos verídicos de incidentes e analisar as situações, reflectir sobre elas e apresentar estratégias de resolução. Conjuntamente desenvolveram-se acções ao quarto nível, cultura escolar, com formação para o pessoal não docente e um ciclo de debates para pais, professores, auxiliares e restante comunidade escolar, perspectivando a formação e o debate de situações reais e como agir construtivamente na resolução de conflitos, dotando os participantes de competências de auto-observação e auto-reflexividade e de competências de promoção de ambientes seguros. 


Estas acções envolveram também estratégias ao quinto nível, a comunidade alargada uma vez que participaram médicos, psicólogos, terapeutas, animadores, todos membros da comunidade em que a escola se encontra inserida. 


Abordagem nos media 


Nas pesquisas efectuadas na Internet quer através do que tem sido observado na imprensa escrita e audiovisual constatamos que a violência nas escolas tem sido abordada, ultimamente, de uma forma intensa, ou seja esta questão tem sido muito mediatizada. 


www.grupolusofona.pt/portal/page?_pageid=194,1602791&_dad=portal&_schema=PORTAL  


Nos países onde a mediação de conflitos em contexto escolar está desenvolvida, refere Elisabete Pinto da Costa, docente da Universidade Lusófona, esta tem-se revelado uma "mais-valia para a construção de sã convivência entre alunos, professores e funcionários", revela a docente. O objectivo é que exista uma pedagogia da comunicação não-violenta, gestão positiva de conflitos e pacificação de relacionamentos. A mediação de conflitos em Portugal, na opinião desta docente, é uma realidade pouco visível. Em Espanha a iniciativa partiu das educativas regionais que contratualizaram com universidades e associações para a prestação destes serviços. Em França há associações privadas que desenvolvem projectos de mediação escolar desde o pré-escolar até ao secundário. É necessário preparar os professores para os conflitos na escola defende Ana Paula Grancho mestre em administração e planificação da educação. No mesmo congresso Fernanda Asseiceira defendeu uma maior aposta na formação de professores para enfrentarem os conflitos nas escolas, assim como uma co-responsabilização dos pais, alunos e funcionários. É portanto vasta a informação na internet sobre este assunto, sendo discutível, no entanto a abordagem científica desta problemática, pois em algumas situações são meras opiniões pessoais ou apontamentos, não sendo indicadas as fontes bibliográficas. É consensual no entanto a importância desta problemática no contexto actual.  


“A escola é, cada vez mais, o local privilegiado, não só para novas aprendizagens escolares, mas também para aprendizagem sociais, que incluem o relacionamento e o saber estar com os outros. Esta aprendizagem implica, inevitavelmente, passar por situações de conflito com os colegas e saber lidar com elas da melhor maneira. O modo como se lida com os conflitos é preditor do ajustamento psicológico actual e futuro. O conflito [entre pares] ocorre quanto as crianças e adolescentes se opõem mutuamente às acções ou ideias uns dos outros (…). Embora não possa ver visto apenas como um tipo de interacção negativa, o conflito poderá ter consequências nefastas para a socialização das crianças e e adolescentes (…) e é muitas vezes resultante de dificuldades a nível das relações interpessoais.” 


In Raimundo & Marques Pinto (2007). Conflito entre pares, estratégias de coping e agressividade nas crianças e adolescentes. 


Psychologica, nº. 44, pp. 135-156. 


Alguns sites consultados: 


www.grupolusofona.pt/portal/page?_pageid=194,1602791&_dad=portal&_schema=PORTAL  


diario.iol.pt/sociedade/escolas-mediacao-escolar-professores-mediacao-alunos-tvi24/1051415- 


www.fpce.ul.pt/files/@main/servicos/biblioteca/mostrasbibliograficas/fpce_bullyingviolencia.pdf - 


www.gral.mj.pt/userfiles/MediacaoEscolar_Umamudancadeparadigma.pdf - 


www.aps.pt/cms/docs_prv/docs/DPR4628c0505097d_1.pdf 


www.grupolusofona.pt/portal/page?_pageid=194,1602791&_dad=portal&_schema=PORTAL - 38k 


www.anprofessores.pt/user/documentos/INDISCIPLINA_VIOLENCIA_CONFLITO.pdf - 


3 comentários:

  1. Caro Adelino

    Li com apreço a situação de conflito apresentada, pois esta é de facto uma situação problemática cada vez mais frequente nas escolas: turmas constituídas por alunos oriundos de diferentes escolas, de diferentes etnias e oriundos de famílias desestruturadas. Tal como aponta Garcia (1999:92) “A educação intercultural não diz respeito apenas à situação dos emigrantes, mas também à necessidade de integrar o conceito de diversidade cultural nos próprios conteúdos e metodologias de ensino, entendendo que a diversidade diz respeito à raça, mas também aos sexo, religião, classe social, capacidade (…).”. Facto é que, tal como refere Vreede (1990) citado por Garcia (1999:91), “a formação de professores não está disposta para uma educação pluralista. Isto deve-se em parte ao facto de que os formadores de professores em geral são produto de uma educação monocultural”. Tal como os professores não estão preparados para lidar com turmas cada vez mais heterogéneas, também os alunos sentem dificuldades em conviver com essa situação, surgindo muitas vezes, momentos de tensão, que culminam em conflito. O facto de a escola acolher uma cada vez maior diversidade de alunos, implica que terá de se encontrar preparada para lidar com a “diferença”, trabalhando com os alunos nesse sentido, bem como o confronto com problemas que advêm da instituição “família” que sobrevive por vezes com sérios problemas. Por este motivo considero que a estratégia de intervenção no conflito que seleccionaste para a problemática apresentada, a proposta de Coleman e Deutsch (2001) a abordagem sistémica, é de facto a mais adequada, pela necessidade de, tal como referes “intervir a diferentes níveis no contexto escolar”, nomeadamente na disciplina (através da mediação de pares), no curriculum (através do desenvolvimento de acções no âmbito da formação cívica e de projectos desenvolvidos na escola), na pedagogia (com a apresentação de actos de indisciplina, sua análise e discussão com os alunos sobre as estratégias, devolvendo o foco do “problema” aos alunos), na cultura escolar (com acções de formação e sensibilização através de debates para pais, professores, auxiliares “dotando os participantes de competências de auto-observação e auto-reflexividade e de competências de promoção de ambientes seguros”) e na comunidade alargada (com a participação de médicos, psicólogos, terapeutas, animadores bem como outros membros onde se encontra inserida a comunidade educativa).
    Tal como referes “Os efeitos positivos deste programa traduzem-se para os alunos ao nível da autoconfiança, auto-estima, assertividade e atitudes gerais face à escola.” Constituindo assim uma mais-valia no que refere à melhoria significativa do ambiente escolar, proporcionando aos poucos um clima de bem-estar e segurança. Não é um processo rápido, mas torna-se essencial o “estar atento” às situações de indisciplina, instituir estratégias de prevenção de modo a que este problema não se propague como “rastilho de pólvora” …

    ResponderEliminar
  2. Caro Adelino
    Por lapso não indiquei a bibliografia referente ao autor que referi. Nesse sentido deixo-a agora.

    Bibliografia

    GARCIA, Carlos Marcelo (1999) Orientações conceptuais na formação inicial de professores. In Formação de professores. Para uma mudança educativa. Porto: Porto Editora

    Cumprimentos
    Júnia Pereira

    ResponderEliminar
  3. De acordo com Luís Marques e Pedro Cunha, a Escola constitui um espaço de socialização por excelência.
    Tida como elo de ligação com a família, assume-se como um mecanismo de ressonância das dificuldades, dos conflitos e das potencialidades que o adolescente experimenta. Num mundo cada vez mais global, onde a sociedade de informação é uma realidade, importa olhar a Escola e as relações que nela se desenvolvem sob um novo prisma. O conflito, nomeadamente o conflito em contexto escolar, é uma realidade incontornável e intrínseca do nosso quotidiano com o qual temos de nos habituar a lidar.
    O caso prático que apresentas é paradigmático da importância do contexto no conflito, na medida em que os alunos que referencias como potenciadores de gerarem situações de conflito, carregam toda uma herança social e familiar que os predispõe para um comportamento socialmente “impróprio”.

    Por outro lado, parecem ser cada vez mais aqueles que entendem a gestão construtiva do conflito – abordagem sistémica - como forma de, em simultâneo, valorizar todo o potencial positivo que congrega em si, minimizando os aspectos negativos que inevitavelmente lhe estão associados.
    Tal como tu afirmas, a Escola deve ser perspectivada como um sistema aberto, (Raider cit. por Costa e Matos, 2007) e que podem ser aplicados cinco níveis de abordagem, aquando do aparecimento de situações de conflito: a disciplina, o curriculum, a pedagogia, a cultura escolar e a comunidade. De acordo com o que concluí do processo que apresentas como forma de resolver a situação, parece-se que é evidente que foram operacionalizadas medidas em todos os níveis supramencionados.
    Como muito bem demonstras, a gestão do conflito envolve o diagnóstico e a intervenção a nível intrapessoal, interpessoal, intragrupal e intergrupal. Assim, compreender o conflito é um primeiro passo para a sua resolução produtiva e construtiva, sendo importante ter presente que, em função da forma como ele é encarado e gerido, assim pode ter consequências construtivas ou destrutivas. Determinar as variáveis que estabelecem a diferença entre as consequências construtivas ou negativas é, na opinião de Deutsch (1990), não só possível como desejável.O processo construtivo de resolução de conflitos é semelhante ao processo efectivo e cooperativo de resolução de problemas, enquanto que um processo destrutivo de resolução de problemas tem muito em comum com as características de um processo competitivo de interacção social.
    Parece-me que apenas terei a acrescentar que o conflito pode assumir-se como um poderoso antídoto contra a estagnação na medida em que estimula o interesse, a curiosidade, tornando-se talvez no meio mais credível para que os problemas possam ser esclarecidos, debatidos e discutidos, ou seja, para que seja possível encontrar soluções na medida em que se assume como a raiz das mudanças pessoais e sociais (Deutsch, 1990). Em suma, o conflito pode também ser perspectivado como um meio de transformação e crescimento pessoal, desde que tomado pelo seu lado positivo.

    Marques Luís & Cunha, Pedro. “Estilos de gestão de conflito em contexto escolar: Análise de algumas variáveis relevantes”. In Actas dos ateliers do Vº Congresso Português de Sociologia Sociedades Contemporâneas: Reflexividade e Acção Atelier: Direito, Crime e Dependências. Disponível em:
    http://www.aps.pt/cms/docs_prv/docs/DPR4628c0505097d_1.pdf

    ResponderEliminar

É fundamental que a escola invista no desenvolvimento das atividades extracurriculares, melhorando assim as várias competências, que promova...