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domingo, 3 de maio de 2009

Plano de acção tutorial

Introdução: 


…Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante. (Saint Exupéry) 


Um plano de acção tutorial pretende acima de tudo levar os alunos a uma melhor inserção e participação na vida escolar, conhecendo também as suas necessidades e interesses, no sentido de permitir a todos os intervenientes ajudarem os alunos na formulação de um projecto de vida, passando por aspectos fundamentais, tais como a realização pessoal e verdadeira integração social.  


Neste sentido, este tipo de plano de acção tutorial tem raízes na teoria da actividade de Vygotsky, na medida em que se pretende organizar todo o processo educativo à volta da experiência pessoal de um indivíduo, com o intuito de o envolver em todo o processo de ensino aprendizagem, evitando uma ruptura com o espaço escola e consequentemente com a sua formação pessoal, social e profissional. 


A teoria defendida por Vygotsky baseia-se na Zona de Desenvolvimento Próximo que se refere à criação de situações de interacção social ou ambientes em que a criança recebe apoio, permitindo-lhe adquirir novas capacidades (skills), que lhes permitam a curto e a longo prazo ultrapassar dificuldades de diversas origens. É com base nos estudos levados a cabo por Vygotsky e seus seguidores que surge o Plano de Acção Tutorial, na medida em que se pretende criar ambientes escolares e sociais que permitam aos alunos com determinados problemas, ultrapassar as dificuldades e integrarem-se, de forma natural e adequada, ao meio onde estão inseridos. 


 Assim, há que ter em conta aspectos individuais e sociais específicos, aquando da organização de um Plano de Acção Tutorial, uma vez que este tipo de plano visa ajudar os alunos a ultrapassarem dificuldades de integração no espaço escola/turma, aumentando a sua auto-estima, inserção escolar e social, adquirir hábitos de trabalho individual e em grupo, ultrapassando dificuldades de aprendizagem, que surjam ao longo do percurso escolar. Logo à partida é necessário traçarem-se os objectivos para este plano de forma clara e objectiva, tal como os públicos-alvo, a metodologia, as actividades a desenvolver, entre outros. 


Caracterização: 


Este Agrupamento de Escolas inclui alunos de características muito distintas, um grande número de alunos oriundos de famílias de classe média e média alta, mas inclui também alunos oriundos de algumas zonas limítrofes da cidade, cujas famílias se caracterizam por um baixo nível de escolaridade, apresentando carências económicas. Acresce o facto de frequentemente se detectarem situações de desagregação familiar a que não são estranhos casos de alcoolismo, toxicodependência e pequena criminalidade. 


Pretende-se assim, desenvolver um plano dinâmico capaz de cativar os alunos e contribuir para o sucesso educativo de todos, particularmente daqueles que se encontram em situações de exclusão social e escolar


Objectivos gerais 


- Promover o exercício efectivo da acção tutorial; 


- Constituir uma equipa multidisciplinar na escola, com representação na Rede Social e outros parceiros; 


- Estimular o desenvolvimento de competências sociais; 


- Desenvolver actividades com vista a melhorar a auto-estima do aluno; 


- Apoiar os alunos no processo de desenvolvimento da sua identidade pessoal e do seu projecto de vida. 


Definição do público-alvo 


As situações consideradas para definir e identificar o público - alvo são as seguintes: 


- Absentismo / risco de abandono escolar 


- Baixo rendimento escolar 


- Problemas de integração escolar 


- Dificuldades de relacionamento com os diferentes membros da comunidade escolar 


- Problemas comportamentais 


Perfil do professor tutor 


A figura do professor tutor deve ser entendida como a de um profissional que conhecendo bem os currículos e as opções dos alunos e das suas famílias promove acções necessárias para ajustar posições e expectativas. Deve ser um professor com capacidade relacional e de liderança, reconhecido pela comunidade escolar. 


Funções do professor tutor: 


a)      Acompanhar de forma individualizada o processo educativo do aluno. 


b)     Facilitar a integração do aluno na escola e na turma fomentando a sua participação nas actividades. 


c)      Contribuir para o sucesso educativo e para a diminuição do abandono escolar, conforme previsto no Projecto Educativo da Escola. 


d)     Aconselhar e orientar no estudo e nas tarefas escolares. 


e)      Esclarecer os alunos sobre as suas possibilidades educativas e os percursos de educação e formação disponíveis. 


f)      Promover a expressão e a definição de objectivos pessoais, a auto avaliação de forma realista e a capacidade de valorizar e elogiar os outros. 


g)      Trabalhar de modo directo e personalizado com os alunos que manifestem um baixo nível de auto estima ou dificuldade em atingirem os objectivos definidos. 


h)     Desenvolver a acção tutorial de forma articulada, quer com a família, com o DT e com o conselho de professores tutores. 


Actividades a desenvolver: 


- Aplicar questionários/outras metodologias de análise para diagnosticar as características próprias dos alunos. 


- Estimular e orientar os alunos para que exponham as suas necessidades, expectativas, problemas e dificuldades. 


- Aprofundar o conhecimento das atitudes, interesses e motivações dos alunos para os ajudar na tomada de decisões sobre as suas opções educativas e/ou profissionais. 


- Elaborar o contrato de comportamento com os alunos de que é tutor. 


- Adequação das planificações, metodologias de ensino e de avaliação, bem como selecção de conteúdos prioritários. 


- Potenciar a articulação docente, sobretudo das disciplinas a que os alunos revelam mais dificuldades. 


- Transmitir ao DT e aos professores, caso necessário, todas as informações sobre os alunos que lhes possam ser úteis no exercício das suas funções. 


- Colaborar com os Directores de Turma e os restantes tutores, sobretudo com os do mesmo ciclo, no momento de definir e rever objectivos, preparar materiais e coordenar o uso dos meios disponíveis. 


 


A ideia de ZDP de Vygotsky sugere a existência de uma janela de aprendizagem em cada momento de desenvolvimento cognitivo do aprendiz(…) num grupo de aprendizes não existe uma única janela de aprendizagem, mas tantas como os aprendizes, e todas tão individualizadas quanto eles. 


O fundamental num plano de acção tutorial é que ele seja o mais possível individualizado e adequado à especificidade de cada aluno acompanhado, de modo a que seja profícuo o programa tutorial. 


1 comentário:

  1. Gostei do artigo.
    É verdade que a Escola precisa de se envolver mais com esses jovens que, por serem diferentes, necessitam de uma abordagem diferente. É preciso investir no prsente para termos segurança no futuro. Estas crianças não integradas hoje poderão ser os marginais de amanhã. É bom que alguém se preocupe com eles.

    ResponderEliminar

É fundamental que a escola invista no desenvolvimento das atividades extracurriculares, melhorando assim as várias competências, que promova...