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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Abordagem comunicacional das relações...

Caracterização


Estudos de Palo Alto


As principais contribuições dos estudos de Palo Alto repousam sobre o facto, de que a comunicação é muito mais do que processo linear de transmissão de uma mensagem de um emissor para um receptor, pois as interacções sociais são marcadas pela complexidade construtiva dos actores sociais. A compreensão de como são estabelecidos esses vínculos passa por um aprofundamento do conceito meramente funcional e simétrico da comunicação.


Interaccionismo simbólico


De acordo com Hegel, um dos defensores do interaccionismo simbólico, o mundo simbólico só se constrói por meio da interacção entre duas ou mais pessoas. Deste modo o simbolismo não é resultado de interacção do sujeito consigo ou mesmo da sua interacção com um simples objecto.


Blumer desenvolveu as primeiras formulações teóricas do interaccionismo simbólico, a partir de conceitos e princípios básicos extraídos da teoria da psicologia social, inicialmente elaborados por Mead e aplicou-as ao estudo do comportamento colectivo.


O interaccionismo simbólico concentra-se nos processos de interacção social, que ocorrem entre indivíduos ou grupos, mediados por relações simbólicas.


Princípios vinculativos


Os seguidores de Palo Alto buscavam uma compreensão da comunicação, crendo que esta se desenvolve em vários níveis e não apenas do emissor para o receptor, numa relação simétrica. Uma das preocupações presentes nesta corrente é a de compreender as interacções num contexto cultural diverso e singular, em que ocorrem várias relações, de diversas ordens, e em diferentes níveis, assimétricas.


Na perspectiva de Palo Alto, a comunicação é, sobretudo, relacional, em que os indivíduos participam, são membros e parte constitutiva dessa comunicação e não meros transmissores ou espectadores, que tem uma função pré-determinada.


A teoria do duplo vínculo ilustra esses movimentos de idas e vindas, atribuindo destaque ao carácter relacional da comunicação, em que múltiplas formas e sentidos são gerados a partir desses jogos de interacção.


A comunicação não seria assim baseada na singularidade do eu, mas nas relações entre eu os outros, podendo também ser compreendida como um jogo, como nos é referido por Costa e Matos (2007:32) A comunicação constrói-se a dois; é um jogo de regras que cada um pode alterar se o seu objectivo é dialogar ou pura e simplesmente impor o seu ponto de vista, não permitindo ao seu interlocutor permanecer no jogo.


Nesse sentido, prevalecem intimamente ligados à comunicação a interacção entre os sujeitos comunicantes, o carácter relacional e o aspecto simbólico. O professor é um sujeito para o qual a forma como se relaciona e comunica com os alunos é preponderante no sucesso, não só das relações que se irão estabelecer, mas também do sucesso educativo dos mesmos.


Cada vez mais, se têm consciência de que a perspectiva tradicional do ensino, em que o professor é um mero transmissor do conhecimento, tem de ser transformada numa perspectiva mais actual de educação participada, em que o professor além de mediador é actor desse mesmo processo.


Para que de facto exista comunicação é necessário que se desenvolva entre os sujeitos o diálogo, sendo que este permite a construção e reconstrução de significados. De acordo com as mesmas autoras todos possuímos e construímos grelhas de referência sobre as quais construímos a nossa comunicação e grelhas de significados que nos permitem compreender o que nos é dito.


Para que entre o aluno e o professor se estabeleça de facto a comunicação é necessário que o aluno se sinta imbuído num clima securizante em que se sinta valorizado, respeitado, participante e que o professor desenvolva estratégias relacionais entre si e os alunos, presentes nas interacções que este desenvolve no quotidiano.


Muitas situações de conflito poderiam ser resolvidas se funcionassem de facto as redes comunicacionais entre os diferentes sujeitos. Muitos conflitos professor / aluno prevalecem porque um ou outro não se sentem respeitados, porque no diálogo estabelecido permanecem julgamentos, não existindo a compreensão do ponto de vista do outro.


Na escola é necessário que o professor tenha espaço e ambiente para as diferentes situações de diálogo, para além daquele que se estabelece na sala de aula, ou nos contactos informais do dia a dia. Nesse sentido, é importante o tempo, por exemplo, que os directores de turma tem para os alunos, podendo nesse tempo, num espaço mais reservado que permite a privacidade ouvir e comunicar com estes.


A figura do professor tutor permite também que entre o professor e o aluno se estabeleça uma relação intimista, que pode através da comunicação, ajudar o aluno a integrar-se e a compreender-se a si próprio e aos outros e a resolver situações de conflitos existentes por este não se sentir respeitado.


Dialogar é ouvir o que o outro tem realmente para nos dizer, não tendo que estar necessariamente de acordo. (Costa e Matos, 2007:33,34)


Demasiadas vezes a Escola teima em fazer-se ouvir e pouco em escutar, é necessário descentrarmo-nos dos nossos significados e desenvolver estratégias que permitam a comunicação entre os diferentes actores. Criar espaços de partilha e desenvolver acções que consciencializem os sujeitos para a importância do carácter relacional da comunicação.


Cada vez mais a escola é um espaço onde se multiplicam múltiplas culturas, e é importante estarmos abertos e respeitar essas diferenças. Kegan (citado por Costa e Matos 2007:35) refere que a sociedade actual requer do indivíduo a capacidade de encontrar verdades em diferentes pontos de vista. Nesse sentido realça um aspecto importante da comunicação, a de que o diálogo inclui partilha, troca, compreensão e respeito.


É fundamental que a escola invista no desenvolvimento das atividades extracurriculares, melhorando assim as várias competências, que promova...