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quarta-feira, 25 de março de 2009

Relações Interpessoais

Hoje em dia, a psicologia social é um domínio de estudos que propõe conceitos, teorias e métodos, isto é, um quadro científico para analisar diferentes fenómenos e aspectos relacionais da vida social. Os conceitos da afiliação, aceitação, reciprocidade, interdependência e rejeição são objecto da análise tipica da psicologia social. O conceito de afiliação de acordo com Weiss(1986) assenta no reconhecimento de atitudes e interesses partilhados o que se proporciona muitas vezes pelas relações com amigos, colegas de trabalho, etc. Essas relações propiciam companhia e um sentido de pertença a uma comunidade. De acordo com Felix N. (2002:141) À medida que crescemos as nossas necessidades sociais tornam-se cada vez mais complexas e diversificadas. Procuramos afiliar-nos para nos distrairmos, para obtermos ajuda, para partilharmos intimidades amorosas, para alcançarmos poder. O conceito de aceitação, tal como nos é referido por Del Prette (2007:219) (…) traduz-se pela firme disposição de reconhecer o outro tal como ele é, respeitando as diferenças percebidas, assumindo que qualquer objectivo de mudança deve passar pelo crivo de ambas as pessoas em interacção. Aceitar não significa despersonalizar e assimilar os atributos de outro. A reciprocidade é a característica do que é recíproco, sendo este tido como aquilo que marca uma troca equivalente entre duas entidades, grupos ou pessoas. O carácter da reciprocidade é o respeito pelo que é mútuo, incluindo a ideia de partilha ou de retribuição. A reciprocidade faz a passagem de algo, de uma pessoa ou grupo, para outra ou outro, sem qualquer carácter de obrigatoriedade, pelo contrário, voluntariamente. De acordo com Del Prette (2007: 217) a interdependência é um conceito antigo na psicologia, frequentemente associado à necessidade de filiação, instinto gregário, desejabilidade social, atracção interpessoal, etc.

O caso que apresento é um caso de um aluno do 6.º ano que não tem tido um percurso fácil de aceitação pelos seus pares. È um aluno muito reservado, mas com um temperamento austero e de difícil relacionamento com os colegas. Envolvido frequentemente em conflitos com estes, marcados sobretudo agressões verbais. No final do ano lectivo os seus pais solicitaram ao Conselho Executivo a mudança de turma, procurando desta forma tentar resolver estas atitudes de rejeição recíproca. Esta mudança concretizou-se mas a situação do aluno não se alterou. Integrado numa nova turma o aluno tem mantido o mesmo comportamento e os colegas as mesmas atitudes de não aceitação no grupo. O director de turma tem desenvolvido diversas iniciativas em conjunto com a família, com os restantes professores do conselho de turma, com o conselho executivo e com a psicóloga da escola. Porque entendemos que, tal como nos refere Raposo (1990)


O reconhecimento da importância de um relacionamento interpessoal adequado leva as instituições de ensino a uma acção intencional no âmbito do desenvolvimento de competências relacionais tendo o professor um papel importante enquanto agente, competindo-lhe assumir a responsabilidade de contribuir para que o aluno atinja em pleno o seu desenvolvimento.


Recentemente a escola esteve envolvida numa parceria com a Unidade de Cuidados Funcionais da Criança e do Adolescente da Figueira da Foz (UCFCAFF) em que se fez formação com as diferentes escolas, sobre várias problemáticas entre as quais o Bullying. Seleccionou-se, intencionalmente, esta turma para participar na formação e para depois a desenvolver nesta escola. Como teria de se escolher dois alunos da turma seleccionou-se este aluno e uma colega na tentativa de se investir na sua auto estima, valorização e consequentemente a aceitação pelos pares. Entre estes dois alunos, que anteriormente também não se caracterizava por um bom relacionamento, ocorreu um processo de mudança, a que poderemos chamar de vinculação. Tendo que interagir num ambiente e com parceiros que não conheciam uniram-se para se protegerem. O ser humano está equiparado com um sistema comportamental de vinculação que regula esta predisposição para a formação de laços emocionais. Uma das motivações centrais da procura e manutenção deste tipo de relações reside no papel que estas desempenham para o sentido de segurança emocional, conferindo-lhe protecção e permitindo sobrevivência. Neste caso essa situação funcionou como um estímulo para que se estreitassem os laços entre estes dois alunos e se estabelecessem relações interpessoais que propiciaram a mudança de atitude de rejeição para a atitude de aceitação. No regresso ao grupo estas interacções estabelecidas mantiveram-se, o aluno sentindo-se mais valorizado pelos seus pares, melhorou significativamente a sua auto-estima e as suas reacções de provocação e hostilização dos colegas diminuíram consecutivamente. Tal como nos é realçado por Vaz Serra (1986b:58) a maneira como uma pessoa se avalia pode ditar a forma como se relaciona com os outros. Esta mudança de atitude do aluno face ao grupo, por sua vez gerou uma atitude de reciprocidade passando os seus pares da manifestação de atitudes de rejeição a atitudes de aceitação. Deste modo conseguiu-se colmatar um ambiente de péssimo relacionamento interpessoal para um ambiente mais facilitador de desenvolvimento e de sucesso no futuro. Tendo consciência que o sentido de pertença e aceitação do grupo de pares contribui de forma única para explicar a competência social, a auto-estima e a realização académica.

Referências Bibiográficas:

Costa, E. & Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: UA, pp. 43-72.

Del Prette, A. & Del Prette, Z. (2007). Psicologia das relações interpessoais (6ª ed.). Petrópolis: Editora Vozes, pp. 212-220


Neto, F. (2002). Psicologia Social. Lisboa: UA, pp:141-146.


Raposo, N.A.V. (1990) A componente de Psicologia na Formação de Professores. In actas do I Seminário. Évora, pp73-79


Serra. A. Vaz. (1986b) A importância do autoconceito. Volume 7, n.º 2,pp57-66


sábado, 14 de março de 2009

Mensagem de Boas - Vindas

Colegas e amigos.
Obrigado por visitarem o meu humilde blog. Espero que o visitem muitas vezes e naturalmente que reajam, partilhando ideias e comentários.
O nome do blog seguiu o seguinte pensamento, todos nós precisamos de orientação na procura do conhecimento (GPS do Conhecimento).
A.M.

terça-feira, 10 de março de 2009

Portfolios

Da pesquisa que fiz sobre os Portfolios aqui fica o meu contributo.

Helen Barrett (2006)
Colecção de trabalhos sobre os quais:
- Reflectiu.
- Demonstrou conhecimento.
- Demonstrou evolução ao longo do tempo.

Silvério (2006)
- Deve reunir os trabalhos realizados e/ou seleccionados pelos alunos.
- Todos os documentos devem ser acompanhados (...) de uma reflexão acerca da sua importância.
- Caracterize o seu autor e demonstre, de forma mais ou menos clara, as aprendizagens que realizou e as competências que desenvolveu.

Paulson &Paulson (1991)
São as histórias dos estudantes:
- Do que eles sabem.
- Porque acham que têm esse conhecimento.
- Porque outros deverão ser da mesma opinião.
- É a opinião baseada em factos... Os estudantes provam o que sabem com exemplos do seu trabalho.


Leonor Santos (2002)
- Selecção de produtos significativos para o aluno do ponto de vista cognitivo ou afectivo.
- Ilustrativos daquilo que num dado momento já é capaz de fazer.
-Representativos da diversidade das tarefas desenvolvidas.
- Necessidade de reflectir sobre:
o que fez, o que aprendeu, como progrediu, como perspectiva as suas necessidades futuras
.

É fundamental que a escola invista no desenvolvimento das atividades extracurriculares, melhorando assim as várias competências, que promova...