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sábado, 11 de janeiro de 2014

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Agrupamento de Alunos

A criação de grupos de nível dentro das escolas sempre gerou muita controvérsia. Isso não é mau, pode até ser muito bom, desde que nos esclareça e ajude a tomar melhores decisões pedagógicas. A maior parte das vezes em que participei em discussões sobre este tema senti que os grupos de nível são para muitos professores um tabu, um assunto que não tem que ser debatido, porque as turmas têm de ser heterogéneas e ponto final. Antes de qualquer outra questão importa reafirmar que: (i) o primeiro foco da escola é ensinar e que (ii) o segundo é ensinar fazendo com que cada um aprenda e que (iii) a nossa maior dificuldade continua (e continuará) a consistir em saber organizar a escola para a promoção de percursos educativos de qualidade para cada aluno. A criação de grupos mais homogéneos de alunos com rendimento escolar diferenciado pode fazer todo o sentido sobretudo se: (i)não se pretender criar, sem mais, um grupo de alunos com menor rendimento (sobre o qual se podem evidentemente lançar todos os estigmas, conduzindo não a melhores aprendizagens, mas a piores desempenhos); (ii) estivermos perante uma estratégia pedagógica deliberada que visa, transitoriamente, recuperar aprendizagens não alcançadas num ritmo e numa intensidade estimadas. Ou seja, podemos manter o princípio da convivência de todos os alunos no espaço escolar e nas turmas heterogéneas, conjugando-o com o outro princípio de que é preciso fazer com que cada um aprenda e atinja níveis de desempenho adequados (o que não quer dizer obter o mesmo desempenho nas mesmas disciplinas!!). A conciliação dos dois princípios convive bem com a criação temporária de grupos homogéneos, dentro e fora da turma-base, desde que isso seja considerado melhor para os alunos em questão pela equipa de professores. Sinto que colocamos demasiada ênfase na heterogeneidade versus homogeneidade, quando a questão educacional e escolar reside muito mais em saber como melhor organizar pedagogicamente a atividade de ensino e aprendizagem, em cada momento, para favorecer mais e melhores aprendizagens da parte de alunos muito diferentes, porque quem aprende ou não são eles. E nesses modos de organizar adequadamente a pedagogia escolar não deve haver tabus, mas muito trabalho de mobilização da inteligência pedagógica de cada escola, avaliando em cada momento os objetivos enunciados e os passos dados. Em educação, não sei se haverá alguma coisa que seja melhor ou pior, à partida e descontextualizadamente. Em pedagogia, as soluções à cabeça, antes de conhecer sequer os alunos, dão mau resultado. As pessoas dos alunos que estão diante de nós e connosco é que nos fazem percorrer um dado caminho, porque o caminho concreto da aprendizagem a fazer na escola, em cada momento, é com eles e por eles que tem de ser feito, recorrendo para isso a equipa de docentes aos melhores recursos disponíveis, em liberdade e com responsabilidade.
Joaquim Azevedo

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